UC Berkeley Press Release

Tratamento de choque
contra a depressão

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O VNS, aparelho que produz impulsos elétricos: novidade contra a depressão


O fim da década de 1980 marcou o início da era Prozac, na qual se acreditava no desenvolvimento de remédios capazes de curar a depressão. O entusiasmo era tanto que as novas drogas chegaram a ser batizadas de "pílulas da felicidade". Nos últimos anos, várias pesquisas científicas concluíram que o melhor tratamento é o que combina remédios e psicoterapia. "Fatores biológicos e psicossociais são igualmente relevantes na composição dos transtornos depressivos", afirma Miréia Roso, pesquisadora do Grupo de Estudos de Doenças Afetivas, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, em São Paulo. Abaixo , os tipos de tratamento mais utilizados atualmente.

Vagus Nerve Stimulation (VNS)
Um aparelhinho parecido com um marcapasso é implantado no tórax do paciente. Seus impulsos elétricos estimulam o nervo que influencia a região cerebral responsável pelas emoções e na qual ocorrem os processos depressivos. Empregado com sucesso contra a epilepsia, recentemente, foi aprovado também para pacientes com depressão severa que não respondem ao uso de antidepressivos. Ainda não disponível no Brasil, custa 20 000 dólares.

Eletroconvulsoterapia (ECT)
Estigmatizada no passado devido à aplicação de choques elétricos nas têmporas dos pacientes, a técnica se modernizou e é considerada eficaz em certos casos, como depressões graves e resistentes a medicamentos. "Se a pessoa não melhora nem responde a um ano inteiro de doses altas de antidepressivos, a ECT é uma boa opção", afirma a psiquiatra Márcia de Macedo Soares, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo.

Estimulação Magnética Transcraniana
Técnica recente e semelhante à ECT – só que usa ondas eletromagnéticas no lugar de choques elétricos. Impulsos magnéticos sobre o crânio geram uma fraca corrente elétrica capaz de provocar alterações na atividade das células nervosas. No caso da depressão, requer uma dezena de sessões diárias de quarenta minutos.

Farmacoterapia
O tratamento à base de medicamentos, ministrado por psiquiatras, é comprovadamente eficaz, mas há limitações. Os antidepressivos não curam a doença – apenas normalizam as disfunções causadas por ela no organismo. As drogas não fazem efeito em cerca de 20% dos pacientes e apresentam, em maior ou em menor escala, efeitos colaterais como ganho de peso e perda de libido ( veja os principais antidepressivos ).

Psicoterapia
Enquanto a farmacoterapia atua sobre as conseqüências da depressão, a psicoterapia tenta elucidar suas causas. Uma modalidade em voga é a cognitivo-comportamental: o paciente é "ensinado" a identificar eventuais visões distorcidas da realidade e a modificar crenças sobre si e sobre os outros. Aprende a mudar de postura e a ser mais proativo na resolução de problemas. Deve-se ter o cuidado de procurar profissionais com referências sólidas.

 

As aparências enganam

Em muitos casos, o problema é só stress

A tristeza é um dos vários sintomas da depressão, mas estar triste não é sinônimo de estar deprimido. "Baixo-astral não é uma doença, mas um sentimento normal em situações de perda, luto, frustração e insucesso", explica o psiquiatra Orestes Diniz Neto, professor da Universidade Federal de Minas Gerais. Outro equívoco comum é confundir depressão com stress. Uma diferença importante é que o stress pode ser eliminado com atividades relaxantes, enquanto na depressão elas não são suficientes. Abaixo, a distinção entre os três problemas.

A DEPRESSÃO...

...é uma doença com vários graus de complexidade, que precisa ser tratada com profissionais especializados

...tem sintomas constantes e diferenciados

...provoca dificuldades para desenvolver tarefas cotidianas

...faz com que seja difícil identificar o motivo do desânimo e da tristeza


A TRISTEZA...

...não é uma doença e tende a desaparecer com o tempo, espontaneamente

...é um estado emocional transitório

...não interfere na rotina da pessoa

...tem as causas facilmente identificadas, como uma desilusão amorosa


O STRESS...

...pode levar à depressão, se prolongado

...pode aumentar com pressões do dia-a-dia, como violência, excesso de trabalho e problemas financeiros

 

Criança sempre triste: o que fazer

Entre os pequenos, os sintomas da depressão se manifestam de forma diferente. "Na maioria das vezes, há mais queixas físicas do que psíquicas", explica o psiquiatra José Ferreira Belisário Filho, especialista em depressão infantil. Há diferenças entre meninos e meninas. "Em geral eles ficam mais agressivos, apresentam problemas de conduta na escola. Elas ficam apáticas e se isolam", afirma o presidente da Associação Brasileira de Neurologia e Psiquiatria Infantil, César de Moraes. Como as crianças têm dificuldade de expressar o que sentem, os sintomas psicossomáticos podem ajudar os pais a identificar a doença. O quadro abaixo mostra os principais.

 

 


 

 


Editado por José Edward.
Colaboraram João Barile e Maria Cláudia Santos