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UC Berkeley Press Release

O Mal do Século XXI

Por CasaBairro2

Aumenta a incidência de distúrbios de origem psíquica como depressão, TOC, hiperatividade e transtorno do pânico. Novos tratamentos, como a estimulação transcraniana, são as armas da medicina para derrotá-los

 

depressao, bipolar e outros males psiquicos
O corre-corre diário de uma grande cidade como São Paulo, a acirrada competição profissional e as dificuldades nos relacionamentos afetivos e familiares estão provocando um sensível aumento daquilo que os especialistas classificam como patologias da vida moderna. A mais conhecida e temida delas, a depressão, avança perigosamente sobre a população da maior região metropolitana do País. Recente pesquisa desenvolvida pela Faculdade de Medicina da USP revelou que a Grande São Paulo apresenta a maior incidência do mal entre os 17 países participantes do estudo. De acordo com o levantamento, 10,9% dos entrevistados relataram ao menos um episódio associado à depressão no último ano, porcentual mais alto do que o registrado em países como Estados Unidos, Alemanha, Colômbia e Ucrânia. A depressão castiga mais homens e mulheres entre os 35 e 49 anos. Nessa faixa 11,9% foram afetados pelo mal. Entre os jovens de 18 a 34 anos, 10,4% afirmam ter enfrentado crises depressivas nos últimos 12 meses. O levantamento, denominado São Paulo Megacity, integrou um estudo internacional coordenado pela renomada Universidade de Harvard em parceria com a Organização Mundial da Saúde. A pesquisa ouviu mais de 89 mil pessoas nos países que participaram do estudo. Os especialistas queriam saber quais os sintomas e de que forma eles afetavam a vida dos entrevistados. Na Grande São Paulo 5.037 pessoas colaboraram com o trabalho.

Apesar de ser a mais frequente e estudada das patologias da vida moderna, a depressão está longe de ser a única “sócia” do clube. Ao lado dela “jogam” distúrbios de fundo psíquico como síndrome do pânico, déficit de atenção, transtorno obsessivo compulsivo, hiperatividade, ansiedade, transtornos bipolares e uma série de fobias que assolam milhões de pessoas mundo afora. Sua origem é geralmente associada a desequilíbrios de ordem neurológica. Outro ponto comum é a falta de tratamento. Nos chamados países em desenvolvimento, caso do Brasil, o estudo revelou que apenas um em cada quatro casos de depressão tem o acompanhamento de um especialista. A desinformação é apontada como a principal causa pela baixa procura dos serviços de atendimento psicológico. Espera-se que com os avanços da medicina e o aprimoramento dos métodos de diagnóstico aumentem as filas de espera nos consultórios ou clínicas especializadas.


Hoje é consenso entre os médicos que o aumento da incidência desses distúrbios está associado a fatores genéticos e hereditários que atuam em conjunto com estresse, consumo indiscriminado de drogas (inclusive as “legais” vendidas em farmácias) e até fenômenos como poluição sonora e visual. Estudos demonstram que esses transtornos psíquicos têm gênese na produção irregular dos neurotransmissores, as moléculas químicas que estimulam a comunicação entre as células do sistema nervoso. Três deles estão diretamente relacionados ao humor: a serotonina, a dopamina e a noradrenalina. Desequilíbrios na produção e na metabolização dessas substâncias disparam processos que levam o indivíduo a manifestar sintomas como falta de concentração, introspecção, apatia, melancolia, calafrio, tremores, sudorese, formigamentos, falta de ar, dores no peito e estados de espírito que vão da euforia à tristeza em questão de minutos, às vezes segundos. Não por acaso essas patologias vêm sendo classificadas como os males do século XXI.

Novos tratamentos


A cada dia a medicina desenvolve mecanismos e antídotos para combater essas doenças. Os mais comuns são os medicamentos antidepressivos, os famosos tarja preta. Suas fórmulas forçam o cérebro a aumentar a produção dos neurotransmissores. É sempre bom lembrar que a prescrição e administração dessas substâncias exigem acompanhamento médico contínuo. Ultimamente têm aumentado o número de profissionais que recorrem a terapias alternativas na busca pela cura ou controle desses distúrbios. Entre os métodos heterodoxos estão hipnose, meditação, ioga e programas neurolinguísticos. Apesar de eficientes, são considerados métodos complementares. A mais nova arma da medicina contra as patologias do cérebro atende pelo nome de Estimulação Magnética Transcraniana Repetitiva (EMTr). Trata-se de um método revolucionário que vem sendo adotado em diversos países, incluindo o Brasil. A EMTr é administrada por equipamentos que propagam moderadas ondas eletromagnéticas pelo córtex cerebral. Esses estímulos promovem a ativação de áreas inertes do órgão, aumentando o fluxo sanguíneo e a produção e liberação dos neurotransmissores. A técnica pode acelerar a resposta terapêutica aos medicamentos em uso pelo paciente, potencializando o processo de recuperação. Sua ação, portanto, é sinérgica com os fármacos que atuam no sistema nervoso central. É importante ressaltar que a EMTr é indolor, dispensa anestesia e não produz efeitos colaterais na memória. A técnica tem sido recomendada no tratamento de diversas doenças psiquiátricas, como a depressão, transtorno obsessivo-compulsivo, ansiedade, insônia e dependência química de drogas, entre outras.

Roni Broder Cohen Diretor CBREMTA estimulação transcraniana tem melhorado a qualidade de vida de pacientes com restrições à medicação convencional.  A duração média do tratamento está vinculada à natureza da doença, gravidade do quadro e outros fatores intrínsecos dos pacientes. Os primeiros efeitos são sentidos de 10 a 15 sessões. Cada uma delas tem duração aproximada de 40 minutos, podendo ser realizadas de uma a cinco vezes por semana. Em quadros esquizoafetivos, de TOC ou recuperação pós-AVC, o número de aplicações pode ser maior, de acordo com a resposta ao tratamento, como explica o dr. Roni Broder Cohen, diretor do Centro Brasileiro de Estimulação Magnética Transcraniana, clínica localizada na rua Itambé, em Higienópolis. Broder Cohen conheceu a técnica no Departamento de Medicina da Universidade Harvard e no Beth Israel Deaconess Medical Center, em Boston. Broder Cohen foi pioneiro na implantação do EMTr no Brasil.

 

O tratamento também está disponível na rede pública. Integra a grade de procedimentos do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas (IPQ) e do Hospital São Paulo, unidade de saúde pertencente à Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Os pacientes atendidos ali são indicados pelos Centros de Atenção Psicossocial (Caps), unidades implantadas pelo Ministério da Saúde em parceria com as secretarias estaduais e municipais de saúde. Os Caps prestam atendimento psicológico e psiquiátrico gratuito a pacientes sem condições de arcar com as altas despesas de um tratamento privado. Equipes multidisciplinares compostas por psicólogos, psiquiatras, assistentes sociais e terapeutas ocupacionais desenvolvem inúmeras atividades individuais ou em grupo, como oficinas terapêuticas, acompanhamento cotidiano e até visitas domiciliares. O atendimento visa atenuar e tratar crises e com isso devolver aos pacientes a autonomia e o ânimo para as atividades cotidianas, algo que a vida moderna tem insistido em roubar de cada um de nós.

Onde derrotar a depressão e outros males:
- Centro Brasileiro de Estimulação Magnética Transcraniana (CBrEMT) – Tel: 3255-7537 – www.emtr.com.br
- Instituto Psiquiatria do Hospital das Clínicas (IPQ) – Tel: 3069-6000 – www.hcnet.usp.br/ipq
- Hospital São Paulo (Unifesp) – Tel. 5576-4522 – www.unifesp.br/spdm/hsp

Por Dárcio de Jesus
Este artigo foi publicado em Sunday, September 12th, 2010 at 6:38 pm e classificado na categoria Saúde & Beleza.

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